- Saudábile
Nutri Isabel Ferreira explica como combater a ansiedade alimentar em meio à restrição social
Você sabia que a mudança de rotina pode levar a comportamentos obsessivos em relação à comida? Em tempos de afastamento social, quando ficamos mais tempo em casa, esse assunto vem bem a calhar. Afinal, muitas pessoas têm descontado os sentimentos na comida — daí a ansiedade alimentar!
Para ajudar, a nutricionista Isabel Ferreira, da Clínica Saudábile, explica como manter uma rotina saudável em meio à pandemia. Confira a entrevista e siga as dicas!
Quais são os pilares de uma rotina saudável?
Isabel Ferreira: O primeiro pilar é a organização, tanto no que diz respeito aos afazeres quanto aos hábitos. O segundo é a estruturação da alimentação, da forma mais saudável possível. O terceiro é a prática de atividades físicas (pelo menos, 3 vezes por semana). Isso garante energia e disposição. Além do mais, quando nos exercitamos tendemos a consumir alimentos mais nutritivos.
Como deve ser a alimentação no cenário atual?
Isabel Ferreira: A alimentação deve priorizar o fortalecimento do sistema imune. Quanto mais natural, com menos doces, produtos industrializados e fast foods, melhor.
Quem tem uma boa imunidade, certamente terá uma resposta melhor à doença, caso seja contaminado. Portanto, consuma alimentos fontes de vitamina C, como limão, laranja e abacaxi. Também vale a pena tomar shots antioxidantes (com limão, cúrcuma, gengibre e pimenta, por exemplo), pela manhã.
Suplementos são indicados para a melhora da imunidade?
Isabel Ferreira: Para quem segue uma dieta saudável e pratica exercícios, a suplementação, provavelmente, não é necessária. No entanto, pessoas com imunidade baixa podem se beneficiar.
De qualquer forma, antes de suplementar é preciso corrigir a alimentação e melhorar a qualidade intestinal. Suplementos não são para todo mundo: nem todos precisam e nem todos terão resultados com a suplementação.
Deve-se fazer uma avaliação individual, para entender qual é a deficiência de cada pessoa. Só assim é possível saber o quê e quanto suplementar.
A restrição social nos deixou mais suscetíveis à ansiedade alimentar?
Isabel Ferreira: Certamente. Estamos preocupados com a saúde, com a economia, com a política. Tantas incertezas geram ansiedade.
Ao mesmo tempo, muitos estão ociosos. Nesse contexto, beliscam o dia todo. As pessoas estão comendo mais e pior. E quanto mais açúcar e produtos industrializados se come, mais se quer comer. Vira um círculo vicioso.
A ansiedade alimentar, muitas vezes, decorre de um descontrole ou, até mesmo, da falta de rotina. Por isso, é fundamental criar uma rotina e ocupar o tempo com outras atividades — que não comer.
Quais são as prováveis consequências da ansiedade alimentar?
Isabel Ferreira: A alimentação se tornou um fator emocional. A gente come porque está feliz, triste, nervoso, etc. Claro que é possível comer para comemorar, mas não se deve ‘engolir os sentimentos’.
Isso irá impactar na saúde das pessoas em um futuro próximo. As pessoas estão ganhando peso, prejudicando o intestino, piorando a imunidade, entre outros problemas.
Como um leigo pode avaliar se está desenvolvendo uma compulsão alimentar?
Isabel Ferreira: Comer tudo o que tem em casa, passar o tempo todo pensando em comida ou, principalmente, se qualquer coisa (irritação, tristeza, felicidade etc) leva a comer, são indícios de que a pessoa está desenvolvendo uma compulsão alimentar. São atitudes que indicam que ela está colocando a comida como fonte dos seus sentimentos.
Como reverter o processo compulsivo?
Isabel Ferreira: Uma boa estratégia é escrever como se sente e propor algo para melhorar. É preciso encontrar maneiras de tirar o foco da comida. Pode-se meditar ou fazer uma oração, ler, ligar para um amigo, etc.
Também existem tratamentos multidisciplinares (medicamentoso, psicológico e nutricional) para pessoas compulsivas ou muito ansiosas. Durante o isolamento, quem puder fazer um acompanhamento com um psicólogo (mesmo que seja uma consulta online) deve fazer. Esse profissional fornece ferramentas que ajudam a lidar com os sentimentos.
Quais são as possíveis consequências da ansiedade alimentar?
Isabel Ferreira: A primeira é a obesidade. Depois da idade, ela é considerada o fator de risco que mais leva a óbito por Covid-19.
A segunda consequência é a subnutrição — inclusive em obesos, os quais, muitas vezes, têm carências de vitaminas e minerais. Juntas, elas aumentam a susceptibilidade a uma série de doenças.
Como ter uma dieta saudável gastando pouco?
Isabel Ferreira: É importante desmistificar a ideia de que comer de maneira saudável custa caro. Basta comer comida de verdade, como nossos avós. Se possível, compre de pequenos produtores, priorizando frutas, legumes e verduras de época (não, necessariamente, orgânicos).
Além disso, use temperos naturais e consuma gorduras boas — pode ser banha de porco, não existe, somente, óleo de coco. É possível ter uma dieta balanceada e barata sem usar produtos. Desembale menos, descasque mais!
Dê algumas dicas para manter uma alimentação consciente.
Isabel Ferreira: Para evitar deslizes no dia a dia, uma boa dica é evitar comprar produtos industrializados. Dessa forma, você evita cair em tentação.
Outro ponto importante em relação à rotina no isolamento: as pessoas estão trocando o dia pela noite. Isso interfere no ciclo circadiano, afetando o controle da ansiedade, prejudicando o intestino e a imunidade. Nesse período, o mais importante é dormir bem.
Vá além nos cuidados com a sua saúde
Agora que você entendeu como as mudanças por conta do isolamento social têm relação com a ansiedade alimentar, busque um estilo de vida saudável e fortaleça o sistema imune. Para isso, coma bem, faça atividades físicas e cuide da saúde mental — sempre que possível, com o acompanhamento de especialistas!
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